Cuidados ao Coto Umbilical
O que é o coto umbilical ?
O coto umbilical é uma pequena
porção de cordão umbilical que permanece após o parto, tornando-se uma entrada
de fácil acesso para as bactérias.
Por se tratar de um tecido não
irrigado por volta do 10º dia tem tendência a cair, no entanto, e ao longo
deste processo denominado mumificação, o coto umbilical vai alterando o seu
aspeto. Inicialmente tem uma aparência gelatinosa e uma cor esbranquiçada, passará
depois para uma fase essencialmente com aspeto humedecido, onde poderá ser
observado um exsudato seroso e termina com uma cor negra onde já é visível no
coto alguma rigidez.
É importante relembrar que não existem nervos no coto umbilical, ou seja, é como se fosse um cabelo. Podemos mexer-lhe sem qualquer tipo de problema porque não iremos provocar dor ao bebé.
Quando é que se deve realizar
a limpeza do coto umbilical ?
A infeção do coto umbilical,
denominada onfalite, poderá rapidamente originar uma artrite séptica ou até
mesmo uma septicemia, isto é, uma infeção generalizada. De forma a minimizar ao
máximo o risco de infeção é importante proceder a uma limpeza correta e eficaz.
Os cuidados ao coto umbilical
devem ser realizados 1 vez por dia (por exemplo, quando se realiza a higiene do
recém-nascido), ou sempre que for necessário, como no caso de ter sido
contaminado com urina e/ou fezes. Antes da limpeza é essencial realizar a
higienização das mãos bem como reunir o material necessário: compressas esterilizadas,
saco para sujos e uma solução de limpeza.
Que tipo de solução posso utilizar para proceder à limpeza do coto ?
O coto umbilical poderá ser limpo utilizando soro fisiológico ou recorrendo a antissépticos nomeadamente álcool a 70% ou Clorohexidina. Revendo a bibliografia atual podemos concluir que:
· O álcool a 70% aumenta o tempo de queda do coto umbilical, sendo que, um atraso no tempo de separação aumenta o risco de infeção.
· A Clorohexidina reduz significativamente o tempo de queda.
· Apesar dos antissépticos reduzirem a presença de microrganismos sem expressão clínica ou resposta imunológica, não há evidência que aponte para uma diminuição da probabilidade de vir a desenvolver onfalite.
Desta forma, apesar do soro
fisiológico não reduzir significativamente a presença de microrganismos poderá
continuar a ser um bom aliado no que toca à limpeza do coto.
Como se realiza a limpeza do
coto ?
Durante a limpeza do coto
umbilical é importante que a temperatura ambiente ronde os 24ºC e não existam
correntes de ar de forma a prevenir perdas de calor. Após colocarmos o recém-nascido
de barriga para cima, com a zona umbilical descoberta, podemos abrir as
compressas esterilizadas. De forma a não contaminar a zona da compressa que
tocará no recém-nascido, devemos juntar as 4 pontas da compressa formando uma
trouxa. Por fim procedemos à colocação da solução escolhida e iniciamos a
higienização do coto:
1.
Colocamos a mão não dominantes no clampe de
forma a segurar o coto;
2.
Com um único movimento circular limpamos a base
do coto umbilical e rejeitamos a compressa;
3.
Com uma nova compressa embebida na solução, e
novamente com um único movimento circular, procedemos a limpeza do corpo do
coto rejeitando no final a compressa;
4.
Procedemos à colocação da solução numa nova
compressa e limpamos com um único movimento circular a ponta do coto juntamento
com o clampe.
Após a limpeza do mesmo, e caso
ache necessário, poderá repetir todo o procedimento de forma a garantir uma
limpeza eficaz. Ao contrário do álcool, o soro fisiológico não se evapora, e
uma vez que um ambiente húmido é propício ao desenvolvimento e proliferação de
microrganismos, é importante no final da limpeza proceder à secagem do coto
utilizando compressas secas.
O coto precisa então de uma ambiente seco de forma a realizar uma correta
mumificação. Desta forma é importante não cobrir o coto com a fralda realizando
uma dobra dupla.
Devo preocupar-me em alguma
situação ?
Caso o coto comece a apresentar
sinais de infeção (vermelhidão na base acompanhada de calor e edema, cheiro
fétido e exsudato purulento) é importante contactar o SNS 24 ou recorrer ao
serviço de urgência:
Linha de Saúde 24:
808 24 24 24
No caso de se iniciar uma hemorragia (casos raros), é importante que se dirige rapidamente a uma urgência hospitalar.
No caso de se iniciar uma hemorragia (casos raros), é importante que se dirija rapidamente a uma urgência hospitalar.
O coto caiu, e agora ?
Após a queda do coto é importante que continue a realizar a
limpeza com soro fisiológico. Por vezes poderá notar a presença de umas
pequenas gotas de sangue, nessas situações deve colocar uma compressa
esterilizada no local e ir vigiando.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CAPLE, C. e PRAVIKOFF, D. Umbilical cord care: performing –
CINAHL Nursing Guide, EBSCO Publishing, 2014. Disponível em: http://web.b.ebscohost.com/nrc/pdf?vid=3&sid=9ca004dd4531-4030-9738-5cff525dfbc4%40sessionmgr112&hid=116
CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIRAS – Classificação
Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE/ICNP). Versão 2.0. Ordem dos
Enfermeiros, 2011.
LUÍS, S. COSTA, M. e CASTELEIRO, C. Boas práticas nos cuidados
ao coto umbilical: Um Estudo de Revisão. Millenium, 2014, vol.47. pp. 33-46.
IMDAD, A. et al. Umbilical cord antiseptics for preventing sepsis and death
among newborns (Review). The Cochrane Library, Issue 5, 2013. Disponível em: http://www.thecochranelibrary.com
IMDAD, A. et al. The Effect of Umbilical Cord Cleasing with
Chlorhexidine on Omphalitis and Neonatal Mortality in Community Settings in
Developing Countries: A meta-analysis (Review). BMC Public Health, 2013, 13
(suppl 3). Pp.1-11. Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2458/13/S3/S15
KARUMBI, J. et al. Topical umbilical cord care for
prevention of infection and neonatal mortality. Pediatric Infectious Disease
Journal, 2013, vol. 32, nº1, pp. 78-83.
ZUPAN, J. GARNER, P. e OMARI, A. Topical umbilical cord care
at birth (Review). The Cochrane Library, 2013, Issue 2, Disponível em: http://www.thecochranelibrary.com
BARBOSA, M. MOREIRA, S. e FERREIRA, S. Desinfeção do cordão
umbilical: revisão baseada na evidência. Publicado, 2016, Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000100005
Comentários