Amamentação durante a gravidez e amamentação em tandem
Está cientificamente comprovado que a sobreposição entre gravidez e aleitamento não afeta negativamente o desenvolvimento fetal (Slatimerou, V et al., 2017).
Não há evidências de que a amamentação durante a gravidez aumente a probabilidade de vir a ter um aborto espontâneo ou um parto prematuro (Slatimerou, V et al., 2017).
A decisão de combinar amamentação e gravidez é uma decisão única e exclusiva da mulher. Entre outros, os motivos que mais se destacam para manter a amamentação durante a gravidez são: respeito às necessidades do filho mais velho e favorecer o vínculo entre irmãos e entre mãe e os filhos (Saus, O. C. 2019).
Por vezes, pode acontecer um aumento da sensibilidade mamária no 1º trimestre da gravidez, devido ao aumento dos estrogénios nesta fase, que pode estar na origem do abandono da amamentação. Por outro lado, noutras situações é a criança mais velha que pode deixar de querer amamentar. São várias as razões que podem estar nesta recusa. O aumento dos estrogénios também pode interferir na quantidade de leite produzido. Por volta do 3-4º mês de gravidez, poderá haver uma diminuição considerável na produção de leite. Para além disso, por volta do 5-6º mês a grávida pode começar a produzir colostro o que pode levar a uma alteração no sabor do leite, fica mais salgado, o que faz com que algumas crianças estranhem e rejeitem a mama. No entanto, há crianças que não se importam com a quantidade ou o sabor do leite e continuam a mamar sem rejeição até o nascimento de seu irmão, então é quando a amamentação em conjunto começa. (Marcos, M. I. 2016).
Outro aspeto a ter em consideração é o facto de que a mulher irá passar por dois procesos fisiólogicos com aumento do dispêndio da energía em simultâneo: tanto a gravidez como a amamentação exigem um aumento do aporte calórico. Desta forma a mulher que está grávida e ainda amamenta deverá redobrar os cuidados com alimentação e realizar suplementação vitamínica adequada. (Slatimerou, V et al., 2017)
A amamentação em tandem pode ser definida como a amamentação de dois ou mais bebés ao mesmo tempo. Uma das preocupações por parte da grávida é se o seu leite é capaz de alimentar duas crianças com idades diferentes. Observou-se que os recém-nascidos que amamentam em conjunto com o irmão mais velho perdem menos peso à nascença. Além disso, o facto de a mulher estar a amamentar duas crianças, pode vir a ter menos probabilidade de desenvolver ingurgitamento mamário. (López, F. G. 2017).
Em conclusão, não há evidências de que a amamentação durante a gravidez ou a amamentação a dois filhos de diferentes idades em simultâneo prejudiquem o desenvolvimento do bebé, do irmão mais velho ou da mãe. Portanto, é uma decisão que deve ser tomada pela mulher ao ponderar os benefícios e desvantagens, após estar munida de toda a informação necessária. Todas as decisões são respeitáveis e válidas.
Bibliografía
Saus, O. C. (2019). Aproximación holística a la lactancia materna en tándem, un estudio cualitativo. Escuela de Enfermería, La Fe.
Marcos, M. I &Torras, R. E. (2016). Lactancia materna durante el embarazo y en tándem. Alba Lactancia Materna.
Romero, V. G, Pliego, M. A., & Romero, E. S. (2015). Situación especial en lactancia: Lactancia en tándem. Revista Enfermería Docente
López, F. G, Barrios, M., Goberna, T. J. & Gómez, B. J. (2017). Women and Birth. Elsevier.
Stalimerou, V., Dagla, M., Vivilaki, V., Orovou, E., Antoniou, E., & Iliadou M. (2017). Breastfeeding During Pregnancy: A Systematic Review of the Literature. Maedica, a Journal of Clinical Medicine
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